sexta-feira, 29 de junho de 2012

Canto para a minha morte

Quando abri as janelas e vi os pássaros cantando lá fora, desejei a morte deles, de todos eles. Deveriam padecer por estarem tão alegres. E o canto notório se torna mordaz aos meus ouvidos cansados. Cansados de ouvir mentiras, cansados de ouvir a mesma música sem nexo. Saudades da indulgencia infantil que não existe mais. Cotidiano grotesco e prolixo. Exasperante o canto dos pássaros. Parecem mais um lamento. Há muitos pássaros na minha janela, Há muitos pássaros na minha estante, Não gosto do som dos pássaros, porque por um instante, Eu sinto inveja do seu voo apaixonante. Quem dera eu pudesse voar, Quem dera eu pudesse cantar. Quem dera eu ser alguém melhor. Mas por enquanto, desejo a morte dos pássaros, por mais fúnebre que esse pensamento seja...

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